marginalia 1.0 BETA - imagem de vídeo utilizada


Marginalia 1.0 BETA - video image used in the test from Marginalia Project on Vimeo.

No primeiro teste do projeto Marginalia 1.0 BETA, realizado em Córdoba, Argentina, os espectadores, à medida que iam iluminando a tela, passavam a ver porções do vídeo acima, que era tornado visível pela luz da lanterna.

Trata-se de uma imagem simples, mas que foi escolhida para o teste por algumas razões que aqui explicitamos como parte do processo de criação da instalação.

O principal aspecto da eleição desta imagem foi a existência de um texto, o que foi julgado pelos autores como uma das formas mais simples e eficazes de garantir o interesse do espectador em explorar a imagem. Como previsto, muitos dos espectadores, uma vez que percebiam a existência do texto, passavam a tentar lê-lo, tomando esta como uma missão na sua experiência da obra.

O conteúdo do texto foi também um fator importante, dado que oferece uma idéia interessante para o próprio conceito da obra - ainda que desconheçamos sua autoria. A frase diz, em espanhol: "Há coisas conhecidas e coisas desconhecidas e no meio estão as portas". O ato de abrir as portas, que parece defender este graffiti, é parte também da ideologia do nosso projeto, solicitando ao espectador que participe ativamente para que possa ver as imagens da exposição. Se não há este engajamento, as imagens permanecerão desconhecidas para ele.

A data marcada pelo graffiti, "68/08", indica o aniversário de 40 anos dos eventos de 1968 em diversos países do mundo e situa um horizonte de interpretação do texto ligado aos ideais daquele momento [a contestação cultural de valores acadêmicos, religiosos, morais, políticos de um geração], orientando esta solicitação de participação para um plano mais amplo de questionamento em outras esferas para além da própria exposição.

Optou-se por um plano fixo e estável na gravação também por algumas razões. A principal era a de garantir que o espectador pudesse se orientar na imagem, já que veria sempre pequenas porções da mesma, e assim pudesse organizar melhor a sua exploração da imagem em busca do que ainda desconhecesse. Uma razão secundária era a de garantir que o arquivo de vídeo não ficasse muito pesado, prejudicando o seu processamento pelo software GestureMapping. Também optou-se por este formato para que o movimento da imagem fosse sutil, de modo a configurar-se também como uma surpresa para o espectador que, ao ler a mensagem, pudesse ver alguém que passasse diante da parede, rompendo com a idéia que tinha de que era uma imagem estática.

Na experiência da instalação, entretanto, a imagem apresentou alguns problemas que deveriam ser melhor estudados para uma próxima versão. O principal era o contraste entre a parede iluminada e o fundo, à direita, pouco iluminado, fazendo com que alguns espectadores pensassem que ali não havia qualquer imagem, identificando o limite da parede como limite da imagem. O movimento de pessoas passando diante da parede também se mostrou pouco interessante dado a sua rapidez, passando desapercebido, muitas vezes, pelos espectadores.

De toda maneira, há que se explorar formas melhores para articular o jogo de interesses do espectador pela imagem e a reflexão sobre o que deverá mostrar esta imagem, inclusive em termos do que busca ser dito pela obra para além de sua proposta interativa, formal e estética. Entre todos os aspectos do projeto, este e a montagem física da instalação são os de exploração ainda incipientes, configurando as principais preocupações de etapas posteriores de desenvolvimento do projeto.

Nenhum comentário: