marginalia 0.2 - experiências imagéticas


Paik for Kids from André Mintz on Vimeo.

No vídeo Paik for Kids - feito por André Mintz a partir de arquivo familiar - a imagem eletrônica é tematizada a partir do espectador, que surge na figura de uma criança que é apresentada por seu pai a uma televisão que exibe a imagem da própria criança capturada pela câmera em tempo real.

Não se trata de um antecessor direto do projeto marginália, mas de um antecessor conceitual que marca já uma problemática na qual este projeto se insere. A relação entre corpo e imagem, entre si mesmo e a representação, a partir de um olhar que busca na ingenuidade a revelação de características próprias da materialidade da imagem. Num momento em que mesmo a imagem videográfica - com suas características específicas, tais como a acessibilidade a um público amador e simultaneidade - estava também em sua infância, com as primeiras explorações de seus potenciais.

Colocando a câmera enquadrando à imagem que ela mesma produz, o sistema retroalimenta a si mesmo, multiplicando a imagem que ele capta ad infinitum, tal como dois espelhos dispostos um diante do outro. Trata-se de um procedimento básico do vídeo - antes impossível no cinema tradicional -, utilizado em diversos trabalhos nesta área, e que será o mesmo a ser utilizado em marginalia. Contudo, tal procedimento muito se diferencia do jogo de espelhos, já que o corpo da espectadora encontra-se desvinculado da formação da imagem, dado apenas a percebê-la - uma vez que sua movimentação não permite ver além do que capta à câmera, externa a seu olhar. O jogo de entrada e saída de quadro revela estes recortes que a câmera efetua, assim como as similitudes e distinções entre corpo do espectador e corpo representado - entre visão subjetiva e visão objetivada de si.

O projeto marginalia busca uma experiência semelhante a esta infantil: uma vontade exploratória sem fim último ou determinado senão o conhecimento oferecido pelo processo; em processo. A idéia como um produto da experiência, do contato direto com a materialidade a partir da qual elabora sua própria forma e desencadeia novos processos.

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